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O Soito, seus cantos e recantos de Poesia Viva

O Soito, seus Santos e recantos


Ao entrar na estrada municipal,
E vencida a pequena subida,
Surgem planos os campos de cereal,
Como sustento e fonte de vida.

São retalhos variados e verdejantes,
Que alternam com giestas e pinhos,
Para encanto e prazer dos viajantes,
Escolham eles a estrada ou os caminhos.

Vemos á esquerda acabada de fazer,
A monumental  praça desportiva,
Onde a cultura o espectáculo e o lazer,
Darão mais qualidade á nossa vida.

Á entrada, Fátima do lado direito,
E mais ao fundo o Padre Miguel,
Misterioso e como santo eleito,
Por muita gente que lhe é fiel.

Esquecido, um cruzeiro logo ao lado,
Lembra a historia de João Namores,
Morto ás garras de lobo esfaimado,
Quando ia ver, a Vila Boa, os seus amores.

Aqui tem a Senhora de Fátima, aberto,
Para acolher seus filhos, o regaço,
E nas Eiras, Cristo  Rei desperto,
Estende a todo o Soito o seu abraço.

Fátima, é ainda  nome de avenida,
Que nos leva ao São Cristóvão,
Onde este de estátua erguida,
Dá aos motoristas a sua benção,

                                  Padroeira, a Senhora da Conceição,
Que tem na Matriz o seu altar,
Mas as capelinhas, mais doze são,
Se a pequena de Santa Inês contar.

É Santo António, português o primeiro,
Santo Amaro no bairro a quem nome deu,
São Brás sobre a veiga,  vigia altaneiro,
E Espirito Santo, onde o Soito talvez nasceu. 

A cerca de três Quilómetros situada,
Está a pequena capela com São João,
Mas não é por estar do Soito afastada,
Que se lhe descura tributo ou devoção.

Ainda a provar que o Soito é crente
Temos Santa Barbara junto á ribeira,
E São Modesto com capela a nascente,
Foi em tempos o guardião da nossa Eira.

No campo Santo e de novo restaurada
Temos a capela da Misericórdia,
E no Lar, outra onde é celebrada,
Cada semana a Missa da concórdia.

Há ainda outra capela particular,
Aonde acorre gente de fé sedenta,
Pedindo ao Padre Miguel para curar
As dores ou magoas que a atormenta.

Mas a Senhora milagrosa e bela,
É a dos Prazeres com sua imagem,
Na distante ermida em sua capela,
Onde o Soito lhe presta homenagem.

Duas dezenas de cruzeiros ignorados
Que salpicam a paisagem aqui e além,
Testemunham a fé dos antepassados,
E que ali morreu, ou foi morto alguém.

Podemos desfrutar de sossego e paz,
Em vários recantos belos e acolhedores,
Ver a Serra quando a bruma se desfaz,
Ou no campo, o bucolismo dos pastores.

Ver os regatos de águas cristalinas
Que descem da Serra murmurando,
Ou as Ribeiras, eternas peregrinas,
Do Côa  que as vai arrebatando.

Temos, em lugar de casas senhoriais,
Vivendas modernas e confortáveis,
Que ladeiam as avenidas principais,
E tornam as paisagens mais agradáveis.

Temos um Lar de cinco estrelas,
Onde a gente maior tem dignidade,
Uma creche de crianças sãs e belas,
E  jardins infantis de alta qualidade.

Podemos viajar pelo passado,
Através do nichos e cruzeiros,
Do Calvário ao alto plantado,
Ou das seculares veredas e carreiros.

No fundo do lugar semi enterrada,
Vemos uma velha fonte de chafurdo,
Que só ainda não foi restaurada,
Porque há quem seja cego e surdo.

Podemos ver já raros, os derradeiros,
Imponentes e velhos exemplares,
De alguns seculares castanheiros,
Que ainda há pouco eram milhares.

Ainda temos para ver as velhas fontes,
Onde os nossos antepassados bebiam,
Ou apreciar dispersas pelos horizontes,
As searas, onde mondando as moças riam.


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