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A Autoridade (de Poesia viva)

         A Autoridade

Não pretendo maldizer ou criticar,
O trabalho dos agentes da autoridade,
Mas sim á lei, que os limita no actuar,
Pois julgo que o sinto como verdade.

Vive-se uma crise de autoridade,
A começar pelos Pais sem coragem,
Passando por um Estado em debilidade,
Que permite ou tolera a malandragem.

A autoridade não se furta aos deveres,
Mas a lei é ambígua e inoperante,
Ao retirar-lhe muitos dos seus poderes,
E a remeter-lhe um papel irrelevante.

As forças de segurança foram criadas,
Para proteger o cidadão e seu haveres,
Mas vemos que estão a ser desviadas,
Para proteger aquele que tem poderes.

Que justiça, na lei imposta por Lisboa,
Ao classificar de intocável e imune,
Gente a quem tudo desculpa e perdoa,
Enquanto a outros tudo exige, e pune?

A insegurança que galopa dia a dia,
Põe o Mundo á beira da decadência,
Porque é medíocre quem a justiça guia,
Tem má fé ou falta de competência.

Por via de uma lei, talvez errada,
A autoridade não actua como devia,
Pois sente-se por vezes desautorizada,
Ao cumprir a missão que lhe competia.

Hoje como há vinte séculos atrás,
Um governador autoritário fará isto:
Soltará o marginal Barrabás,
E condenará o inocente Cristo.


1996

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