A cidade, a minha
aldeia... e as
diferenças
A vida na
cidade é estonteante,
E pesada no
agitado da vivência:
Na aldeia o
ambiente é repousante,
E dá paz e
leveza á existência.
Na cidade a
gente cruza-se indiferente,
E comporta-se
como maquina programada,
Mas na aldeia
o cidadão é amável e quente,
E a vida
social é mais humanizada.
Na cidade as
árvores são os grandes edifícios,
Naturezas
brutas, nuas, adormecidas,
Mas na aldeia
temos todos os benefícios,
De ter viva a
natureza, e as árvores ver vestidas.
Nas ruas e
avenidas, o vaivém constante,
Vejo as
pessoas imitando os formigueiros,
Então recordo
a minha aldeia distante,
Onde passeio,
livre em seus carreiros.
O ruído que na
cidade é insuportável,
Ou o fumo que
é por vezes asfixiante,
Contrasta com
o ar puro e saudável,
Que minha
aldeia oferece ao visitante.
O som das
sirenes e o estridente ruído,
Que na cidade
nossa calma faz abalar,
É aqui na
minha aldeia substituído,
Pelo som das
aves em seu eterno chilrear.
O alimento na
cidade, por vezes enlatado,
E de origem ou
qualidade duvidosa,
Contrasta, com
o que é por nós criado,
Ou nos é dado
por esta terra generosa.
Na minha
aldeia, é puro o ar que se respira,
Por entre o
verde dos pinhais purificado,
Mas na cidade
é negro o ar que se aspira,
Pois é poluído
e de fumos, está saturado.
A água
imprópria e de má qualidade,
Que é na
cidade a mais corrente,
É na aldeia um
espelho de claridade,
Que brota
límpida da nascente.
Vejo na minha
terra em verdes prados,
O bucólico
gado em sua pastagem,
Na cidade vejo
alcatrão por todos os lados,
Onde as
máquinas desvirtuam a paisagem.
Ás tardes
regressam os gados á minha aldeia,
E suas
campainhas são um bálsamo revigorante,
Mas na cidade,
a essa hora, de carros cheia,
O ambiente é
depressivo e enervante.
Na minha
aldeia tenho liberdade de passear
Pelos campos,
e de seus aromas encher a alma,
Mas na cidade,
vivo um constante atropelar,
Que saturado
pela agitação, eu perco a calma.
A cidade é
esbanjadora de valores,
Sejam
materiais, éticos, ou morais,
Mas nesta
aldeia há defensores,
Que conservam
a fé em altos ideais.
Talvez haja
luxo nas casas confortáveis,
Que enxameiam
um pouco pela cidade,
Mas as da
aldeia embora miseráveis,
Dão aconchego
ao trabalho e á humildade.
A cidade tem
melhor que a aldeia,
A assistência
medica ao doente,
Pois nas
aldeias o medico escasseia,
E na cidade se
atropela por excedente.
E movido pela
alegria que me invade,
Termino
dizendo á boca cheia,
Que não há
conforto de cidade,
Que valha a
paz da minha aldeia.
O homem que
vive cercado de cimento,
E sofre os
tormentos da vida citadina,
Não pode
adivinhar o encantamento,
Que o campo
oferece, atrás de uma colina.
Ticarlos 1997
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