Futuro azedo
Olho a terra e vejo que está
doente,
Maltratada, desprezada e
poluída,
Pelo homem que de modo
consciente,
Cada dia lhe acrescenta uma
ferida.
Esta terra maravilhosa e
sagrada,
Já não é o paraíso que antes
era,
Pois está a ser profanada,
violada,
E espoliada da perfeição que
já tivera.
O equilíbrio biológico está
a ruir,
E em risco a manutenção da
vida,
Porque contra isso está a
colidir,
A via que pelo homem foi
escolhida.
A floresta continua a ser
queimada,
E diminui a qualidade do
nosso ar,
A água de muitos rios é
envenenada,
E esse veneno caminha até ao
mar.
É triste ver os peixes em
agonia,
Na água quase em
decomposição,
E ver quanto é tímida e
tardia,
A há muito anunciada
despoluição.
Despejam-se na água,
impunemente,
Esgotos e todo o tipo de
detritos,
Sem que a lei puna
firmemente,
Aqueles que cometem tais
delitos.
Com os regatos e rios a agonizar,
E as florestas, feitas
montes de tições,
Que mais de valor temos para
legar,
Como herança ás novas
gerações?
Já não conheço o País onde nasci,
Nem aspiro o ar fresco e perfumado,
Porque o campo verde onde vivi,
Está quase em deserto transformado.
A nossa geração poluiu e degradou,
Em apenas dois ou três decénios,
Mais que geração alguma ousou,
Em séculos, ou
talvez milénios.
Todos os
espaços são violados,
Desde os
cósmicos aos oceânicos,
E os
subterrâneos não são poupados,
Pela ambição
cega de alguns satânicos.
Sujar o mundo
em que vivemos,
Poluindo o
espaço e o ambiente:
É sujar a casa
onde nascemos,
E torná-la uma
pocilga repelente
Vejo um pouco
por todo o lado,
Á beira da
estrada ou pelos montes,
O lixo, sem respeito
a ser vazado,
A diminuir ou
limitar meus horizontes.
Vejo com
apreensão, mágoa e tristeza,
Este planeta
encaminhar-se para a morte,
E vejo o homem
se não tomar sua defesa,
Caminhar
também para igual sorte.
Ao escrever
isto não quero profetizar,
Mas se não
descermos do nosso orgulho;
O espectro
apocalíptico não vai tardar,
E nele daremos
o fatal mergulho.
Ainda que eu
queira ser optimista,
Não adivinho
um futuro nada risonho,
Porque cada
vez há mais terrorista,
A fazer da
terra um local medonho.
Se nós
continuarmos a destruir
A terra, e
nela não podermos habitar,
Não pensemos
que Noé torna a vir,
E faz outra
arca para nos salvar.
1998
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