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O Parlamento (de Poesia Viva)



Temos um Parlamento hábil a copiar,
Decretos e leis feitas, em País estranho,
Para a elas os Portugueses sujeitar,
Como se eles fossem apenas um rebanho.

Copia-se um mau código penal,
E uma lei do aborto bem pior,
Mas a lei da segurança social,
Não se copia porque é melhor.

Copiam-se salários de governantes,
Porque para eles é conveniente,
Copiam-se hábitos aberrantes,
E ignora-se o que é excelente.

Se as leis pelas quais nos regemos,
São em parte do exterior importadas,
Deputados, para que os queremos,
São despesas escusadas.

Se um deputado pode espezinhar,
O direito e a moral de quem o elegeu,
Também ao eleitor assiste reclamar,
E retirar a confiança que lhe deu.

Precisa-se de um Parlamento activo,
Trabalhador e de espírito novo,
E não de um Parlamento decorativo,
Que ignora os anseios do seu povo.

No Parlamento, em vez de respeito,
É lugar, onde uns dos outros dizem mal
É onde muito é dito e pouco é feito,
E até às vezes parece um carnaval.

Os deputados deviam ser um exemplo,
E tentar merecer o seu alto salário,
Não usar o Parlamento como templo,
Onde se adora o sono e lê o diário

Em vez de promoverem a harmonia,
Entre todas as forças da Nação,
Fomentam a discórdia e a anarquia,
E lançam no povo a confusão.

Desejo que a partir deste momento,
Haja um relacionamento mais humano,
Das palavras se exclua o fingimento,
Para que elas jamais nos façam dano.

Sois de promessas, bons fazedores,
Para ao povo poderdes iludir,
Mas ao contrario maus pagadores,
Quando é a hora de as cumprir.

Se São Bento cá voltasse,
E escutasse os falsos sermões:
Talvez de sua casa expulsasse,
Como Cristo, os vendilhões.

1996


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