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Que homem é este? (De Poesia viva)

                                   Que Homem é este? 

O homem, egoísta e de poder sedento,
A mim, em particular me desilude,
Quando gasta mais em armamento,
Do que em educação ou saúde.

Ao produzir tanto armamento,
O homem está a alterar o seu destino,
Está a ser causa de sofrimento,
E a tornar-se de si próprio o assassino.

O homem tem sempre dinheiro,
Ás centenas, milhares ou milhões,
Para se armar em guerreiro,
E exibir os tanques ou os canhões.

O homem fala e diz querer a paz,
Mas procede com leviandade,
Qual animal esfomeado e voraz,
Levando a guerra á humanidade.

O homem, criou o dia da mulher,
Talvez para lhe prestar um favor,
Mas a quantas não faz sofrer,
Em antros de miséria e de dor?

O homem não satisfeito com milhões,
Que retira aquele que explora:
Quando lhe dá míseros tostões,
Será digno do nome que arvora?

E esse homem brutal e grotesco,
Que alicia crianças inocentes,
E as seduz de modo animalesco,
Não encherá de raiva nossas mentes?

Não sou, nem me julgo pensador,
Mas tenho liberdade de pensar,
E de lançar um dedo acusador,
Ao homem por se estar a envenenar.

O homem está a tornar o Mundo,
Ainda há pouco, belo e aprazível,
Num local degradante e imundo,
Onde a vida é quase impossível.

Gostaria de poder acreditar,
Na rectidão e sensatez do homem,
Mas como posso eu nele confiar,
Se tantas duvidas me consomem.

Se o equilíbrio biológico está em perigo,
É do homem a responsabilidade e a culpa,
Pois que sendo de si mesmo o inimigo,
Não pode inventar qualquer desculpa.

Lentamente o homem desce,
Um degrau a caminho da extinção,
Por cada ser que desaparece,
Se não inverter a situação.

E após assistir a tanta asneira,
Que merecimento tem o homem,
Para que ainda haja quem queira,
Que por deus ou salvador o tomem.

Ao ritmo que a destruição avança,
Meu pensar triste, expresso aqui,
Que morta estará a esperança,
Se o homem não entrar em si.

Será o homem corrigível?
Não digo que sim nem que não,
Prove ele que isso é possível,
E acreditarei nele então.


1998

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